Há sujeira embaixo da sujeira, 2019

André Griffo

Tinta e pastel óleo, lápis de cor e grafite sobre lona
177 x 223 cm

A pesquisa de André Griffo (n. 1979, Barra Mansa, Brasil) é voltada para a pintura e suas relações históricas com a representação da arquitetura. Longe dos grandes discursos panfletários, o artista nos convida a dar atenção aos mínimos detalhes de suas imagens que refletem as muitas violências que dão corpo às narrativas relativas às histórias do Brasil e suas ruínas.

Nesse sentido, suas telas são complexos arquivos visuais onde coexistem os mais diversos elementos, cujas relações são capazes de ressignificar e aprofundar as críticas ali presentes. O trabalho de Griffo volta-se para a crítica das estruturas de poder, em especial sobre as ficções por elas criadas para a manutenção do controle dos indivíduos.

Entre elas, o artista volta-se às permanências dos efeitos da economia escravocrata na formação histórica brasileira, assim como aos mecanismos das instituições religiosas na fundação de imaginários que visam a submissão dos fiéis.

Griffo utiliza sua formação em arquitetura para elaborar espaços em que coexistem referências históricas e contemporâneas. Seus espaços, usualmente vazios, são habitados por rastros, símbolos e signos que destacam a permanência e influência do passado em problemáticas socioculturais atuais de modo fantasmático.

Sua produção entrelaça o documental e o ficcional, explorando a conexão entre as disciplinas da História da Arte e da Arquitetura às questões sociais, brasileiras e mundiais. Ao sobrepor diversas temporalidades e suas complexas realidades, os trabalhos de Griffo expõem elementos constitutivos da sociedade de modo a criar relatos sobre a permanência das coisas.